Talvez ela goste de poesia...
...O menino torto apaixonado, pela menina sem graça, pensava isso toda vez que
escrevia. Talvez ela goste de poesia, ele repetia isso sempre. Sem motivos. A menina
nunca soube que ele era apaixonado por ela. Certo dia, quando o menino escrevia, por
consequência própria, se perguntou. “E se ela não gostar de poesia?” O menino ficou
com essa pergunta em sua cabeça, e toda vez que ia escrevia, lembrava-se dessa frase
e ao invés de escrever ia fazer outras coisas. O tempo ia passando, a paixão do menino
torto, pela menina sem graça, ia ficando na incerteza. Anos passados, uma mulher
acha uma caixa velha, escrito “Proibidos para não apaixonados” curiosa, a mulher
abre a caixa para ver o que tem dentro. Ela acha livros de romance, letras de músicas
e um caderninho escrito na capa ” Talvez ela goste de poesia” a mulher começa a ler o
caderno, imediatamente entra em choro, ela lê versos, poemas, textos, conclusões. Tudo
o que estava escrito ali envolvia poesia e uma menina que o menino apelidava de
“menina sem graça”. A mulher, pega a caixa, com tudo o que contém dentro e guarda.
Mais tarde, o seu marido chega em casa, ela o vê, cansado, e pergunta quem é a
menina sem graça. Ele fica surpreso e pergunta o porquê dessa pergunta. Ela diz que
tem admiração por essa menina, e mais admiração pelo menino que escreveu tudo que
ela passou a tarde inteira lendo. O marido, com vergonha, solta um sorriso largo,
coloca a mão no bolso e tira um bilhete que diz o seguinte “Talvez ela goste de poesia.
E se ela não gostar de poesia? Ela gosta de poesia, ela gosta de mim. E a amo, hoje estou
casado com ela.” O marido, dá o bilhete para a esposa e diz que a menina sem graça é
ela, ele sempre guardou esse bilhete. Só que ele desistiu de escrever, pois achava que a
menina não gostava de poesia, e não gostava dele. Mas em um piscar de olhos, a
menina sem graça era a mulher que ele tinha se casado. E que ele tinha prometido
para si mesmo que ela só ia saber disso se ela descobrisse. E hoje, ela descobriu,
descobriu que ele sempre foi apaixonado por ela, mesmo negando, mesmo ela nunca
sabendo. E agora, mais do que nunca, ele tinha certeza que a menina sem graça
gostava e ainda gosta de poesia."